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Drogas! Que drogas?

A esmagadora maioria de presos brasileiros é decorrente do tráfico de drogas. Poucos são os verdadeiros traficantes, que trabalham no atacado, no financiamento e na lavagem de dinheiro. Pode-se dizer, inclusive, que são raros os casos dos "tubarões" processados. Os que estão presos são os pequenos traficantes, que estão pelas esquinas a mercadejar, principalmente, maconha.

Prender os "lambaris" está demonstrado que não resolve nada. Prende um hoje e, no mesmo dia, ele já está substituído no pondo de tráfico por outro, que até então poderia sequer estar no ramo.

Preso o "lambari", ele vai para o presídio se especializar em crimes maiores e mais nocivos à sociedade. Se não pertence a uma facção, terá que aderir a uma para poder sobreviver no cárcere. Sairá de lá ligado incondicionalmente às chefias e com obrigação de cumprir tarefas criminosas que englobam todos dos delitos previstos no Código Penal.

A maconha está longe de ser o maior problema do tráfico de drogas. Só é problema para o traficante, pois quem comercializa cannabis são os que massivamente são presos.

O traficante de ecstasy e outras drogas sintéticas que, efetivamente, podem levar à morte, não só por overdose, mas, também pelos efeitos colaterais que causam, são negociadas e vendidas sem que seus traficantes sejam presos, salvo eventualmente. São as drogas sintéticas que animam as baladas e as raves.

Quando falarmos em persecução as drogas temos que perguntar, por que só a maconha é o alvo? Falta de investigação policial? O traficante de maconha, em regra, é preso por patrulhas da Brigada Militar, que vendo alguém que julgue suspeito, interpela, revista, encontra uma porção ínfima ou pequena de canabis e prende em flagrante o infeliz. Não há investigação, existe o "lançar a rede" e verificar se tem peixe.

Seria muito difícil fazer o mesmo nas baladas? Nas casas noturnas frequentadas por gente da alta ou da baixa sociedade? Qual a dificuldade que a polícia tem para investigar e identificar quem comercializa drogas sintéticas ou mais pesadas como cocaína?

As drogas mais pesadas são comercializadas inclusive pela internet.

O sitio da BBC Brasil (encurtador.com.br/qBEZ8), na última quarta-feira, dia 12, publicou resultado de pesquisa do ano passado com dezenas de milhares de usuários de drogas em todo o mundo, apontando que em 2021, quase um em cada quatro entrevistados na América do Norte relatou comprar drogas na dark web. Na Oceania e na Europa, foram um em cada seis.

Na Rússia, o percentual foi de 86%; na Finlândia e na Suécia, mais de 40%; e na Inglaterra, Escócia e Polônia, mais de 30%.

No Brasil, por óbvio, não se tem qualquer informação a respeito.

A maconha, que gera tantas prisões, não é senão uma ínfima parte do tráfico de drogas, que abarrota a justiça dificultando a celeridade dos julgamentos e superlotando o sistema prisional caótico, caro, ineficiente e desacreditado.

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